domingo, 2 de junho de 2013

EM DEFESA DA FÉ CATÓLICA E DO REINO DE JESUS: MISSA EM LATIM (PINCIPAIS PARTES)

EM DEFESA DA FÉ CATÓLICA E DO REINO DE JESUS: MISSA EM LATIM (PINCIPAIS PARTES): MISSA EM LATIM (PINCIPAIS PARTES) 1. RITOS INTRODUTÓRIOS S: In nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti. A: Amen. S: G...

ORAÇÃO ABRASADA ou ORAÇÃO ABRADADORA ou SÚPLICA ARDENTE, ou, Prece de S. Luis Maria Grignion de Montfort pedindo a Deus missionários para a sua Companhia de Maria

ORAÇÃO ABRASADA ou ORAÇÃO ABRADADORA ou SÚPLICA ARDENTE, ou, Prece de S. Luis Maria Grignion de Mont­fort pedindo a Deus missionários para a sua Companhia de Maria:

     I - Lembrai-vos, Senhor, lembrai-vos da vossa Congregação que desde o principio vos perten­ceu, e em que pensastes desde toda a eterni­dade; que seguráveis na vossa mão onipotente, quando, com uma palavra, tiráveis do nada o universo; e que escondíeis ainda em vosso coração, quando vosso Filho, morrendo na cruz, a consagrou por sua morte, e a entregou, qual precioso deposito, a solicitude de sua Mãe Santíssima: Memor esto Congregationis tuae quam possedisti ab initio.
     II - Atendei aos desígnios de vossa misericórdia, suscitai homens da vossa destra, tais quais mos­trastes a alguns de vossos maiores servos, a quem destes luzes proféticas, a um São Fran­cisco de Paula, a um São Vicente Ferrer, a uma Santa Catarina de Sena, e a tantas ou­tras grandes almas, no século passado e ate neste, em que vivemos.
     III - Memento: Onipotente Deus, lembrai-vos des­ta Companhia, ostentando sobre ela a onipotência de vosso braço, que não diminuiu, para dar-lhe a luz e produzi-la, e para conduzi-la à perfeição. Innova signa, immuta mirabilia, sentiamus adiutorium brachii tui.
     IV - 0' grande Deus que podeis fazer das pedras brutas outros tantos filhos de Abraão, dizei uma só palavra como Deus, e virão logo bons obreiros para a vossa seara, bons missionários para a vossa Igreja.
     V - Memento: Deus de bondade, lembrai-vos de vossas antigas misericórdias, e, por essas mesmas misericórdias, lembrai-vos da vossa Congregação; lembrai-vos das promessas reiteradas que nos tendes feito, por vossos profetas e pelo vosso próprio Filho, de sempre atender favoravelmente a todos os nossos pedidos justos. Lembrai-vos das preces que, desde tantos séculos, vossos servos e servas para este fim vos têm dirigido; venham à vossa presença seus votos, seus soluços, suas lágrimas e seu sangue derramado, e poderosamente solicitem vossa misericórdia. Mas lembrai-vos sobretudo de vosso amado Filho: Respice in faciem Christi tui. Contemplem vossos olhos sua agonia, sua confusão, o seu amoroso queixume no Jardim das Oliveiras, quando disse: Quae utilitas in sanguine meo? Sua cruel morte e seu sangue derramado altamente vos clamam misericórdia, a fim de que, por meio desta Congregação, seja seu império estabelecido sobre os escombros do de seus inimigos.
     VI - Memento: Lembrai-vos, Senhor, desta Comunidade nos efeitos de vossa justiça. Pempus faciendi, Domine, dissipaverunt legem tuim: é tempo de cumprir o que prometestes. 'Vossa divina fé é transgredida; vosso Evangelho desprezado; abandonada, vossa religião; 1 torrentes de iniqüidade inundam toda a terra, e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada: Desolatione desolata est omnis terra; a impiedade está sobre um trono; vosso santuário é profanado, e a abominação entrou até no lugar santo. E assim deixareis tudo ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Gomorra? Calar-vos-eis sempre? Não cumpre que seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu, e que a nós venha o vosso reino? Não mostrastes antecipadamente a alguns de vossos amigos uma futura renovação de vossa Igreja? Não se devem os judeus converter à verdade? Não é esta a expectativa da Igreja? Não vos clamar todos os santos do céu: "Justiça! Vindica?" Não vos dizem todos os justos da terra: Amen, veni, Domine! Não gemem todas as criaturas, até as mais insensíveis, sob o peso dos inumeráveis pecados de Babilônia, pedindo a vossa vinda para restabelecer todas as coisas? Omnis crestura ingemiscit.
     VII – Senhor Jesus, memento Congregationis tuae. Lembrai-vos de dar à vossa Mãe uma nova Companhia, a fim de por ela renovar todas as coisas, e a fim de terminar por Maria Santíssima os anos de graça, assim como por ela os começastes.
     VIII - Da Matri tuae liberos, alioquin moriar: dai filhos e servos à vossa Mãe: quando não, fazei que eu morra. Da Matri tuae. E' por vossa Mãe que vos imploro. Lembrai-vos de suas entranhas e de seu seio, e não rejeiteis minhas súplicas; lembrai-vos de quem sois Filho, e aten­dei-me; lembrai-vos do que ela e para vós e do que sois para ela, e satisfazei a meus vo­tos. Que vos pego eu? dada em meu favor, tudo para vossa gloria. Que vos pego eu? o que podeis, e ate ouso dizer, o que deveis conceder-me, como verdadeiro Deus que sois, a quem todo o poder foi dado no céu e na terra, e como o melhor dos filhos, que amais infinitamente vossa Mãe.
     IX - Que vos pego eu? Liberos: Sacerdotes, livres de vossa liberdade, desprendidos de tudo, sem pai, sem rode, sem irmãos, sem irmãs, sem pa­rentes segundo a carne, sem amigos segundo o mundo, sem bens, sem embaraços, sem. cuida­dos, e até sem vontade própria.
     X - Liberos: Escravos de vosso amor e de vossa vontade; homens segundo vosso coração, que, sem vontade própria que os macule e faça pa­rar, executem todas as vossas vontades, e der­rubem todos os vossos inimigos, quais novos Davids, com o cajado da cruz e a funda do santíssimo Rosário, nas mãos: In baculo Cruce et, in virga Virgine.
     XI - Liberos: Almas elevadas da terra e cheias do celeste orvalho, que, sem obstáculos, voem de todos os lados, movidos pelo sopro do Espírito Santo. Em parte, foi delas que tiveram conheci­mento vossos profetas, quando perguntaram: Qui sunt isti qui ut nubes volant? - Ubi erat impetus spiritus, illuc gradiebantur.
     XII - Liberos: Almas sempre a vossa mão, sempre prontas a obedecer-vos, a voz de seus superio­res, como Samuel: Praesto sum; sempre prontos a correr e a sofrer tudo por vos e convosco, como os apóstolos: Eamus et nos, ut moriamur cum eo.
     XIII - Liberos: Verdadeiros filhos de Maria, vossa Mãe Santíssima, engendrados e concebidos por sua caridade, trazidos em seu seio, presos a seu peito, nutridos de seu leite, educados por sua solicitude, sustentados por seus braços e enriquecidos de suas graças.
     XIV - Liberos: Verdadeiros servos da Santíssima Virgem, que, como outros tantos São Domin­gos, vão por toda parte, com o facho lúcido e ardente do santo Evangelho na boca, e na mão o canto rosário, a ladrar, como cães fieis, con­tra os lobos que só buscam estraçalhar o reba­nho de Jesus Cristo; que vão, ardendo como fogos, e iluminando como sois as trevas deste mundo; e que, por meio de uma verdadeira devoção a Maria Santíssima, isto e, uma devoção interior, sem hipocrisia; exterior, sem critica; prudente, sem ignorância; terna, sem indiferença; constante, sem versatilidade, e santa, sem presunção, esmaguem, por todos os lugares em que estiverem, a cabeça da antiga serpente, a fim de que a maldição que sobre ela lan­çastes seja inteiramente cumprida. Inimicitias ponam inter te et mulierem, et semen tuum et semen iliius; ipsa conteret caput tuum.
     XV - É verdade, grande Deus, que o mundo há de armar, como predissestes, grandes ciladas ao calcanhar dessa mulher misteriosa, isto e, a pequena Companhia de seus filhos que hão de surgir perto do fim do mundo; a verdade que há de haver grandes inimizades entre essa ben­dita posteridade de Maria Santíssima e a raça maldita de satanás: mas é essa uma inimizade toda divina, a única de que sejais autor: Inimi­citias ponam. Porém esses combates e essas perseguições dos filhos da raça de Belial contra a raça de vossa Mãe Santíssima só servirão para melhor fazer resplandecer o poder de vossa graça, a coragem da virtude dos vossos ser­vos, e a autoridade de vossa Mãe, pois que lhes destes, desde o começo do mundo, a mis­são de esmagar esse soberbo, pela humildade de seu coração: Ipsa conteret caput tuum.
     XVI - Alioquin moriar. Não é melhor para mim morrer do que vos ver, meu Deus, todos os dias tão cruel e impunemente ofendido, e a mim mesmo ver todos os dias em risco de ser arrastado pelas torrentes de iniqüidade que au­mentam a cada instante, sem que nada se lhes oponha? Ah! mil mortes me seriam mais tolerá­veis. Enviai-me o socorro do céu, ou senão chamai a minha alma. Sim, se eu não tivesse a es­perança de que, mais cedo ou mais tarde, ha­veis de ouvir este pobre pecador, nos interes­ses de vossa glória, como já ouvistes a tantos outros: Iste pauper clamavít et Dominus exau­divit eum, pedir-vos-ia do mesmo modo que o profeta: Tolle animam meam.
     XVII - A confiança que tenho em vossa misericór­dia faz-me, porém, dizer com outro profeta: Non moriar, sed vivam, et narrabo opera Do­mini; até que com o velho Simeão possa di­zer: Nunc dimittis servujn tuum, Domine... in pace, quia viderunt oculi mei, etc.
     XVIII - Memento: Divino Espírito Santo, lembrai-vos de produzir e de formar filhos de Deus, com Maria, vossa divina e fiel Esposa. Formastes Jesus Cristo, cabeça dos predestinados com ela e nela, e com ela e nela deveis formar todos os seus membros; nenhuma pessoa divina en­gendrais na Divindade, mas só vós, unicamen­te vós, formais todas as pessoas divinas, fora da Divindade, e todos os santos que têm existi­do e hão de existir até ao fim do mundo, são outros tantos produtos de vosso amor unido a Maria Santíssima. O reino especial de Deus Pai durou até ao dilúvio, e foi terminado por um dilúvio de água; o reino de Jesus Cris­to foi terminado por um dilúvio de sangue, mas vosso reino. Espírito do Pai e do Fi­lho, está continuando presentemente, e há de ser terminado por um dilúvio de fogo, de amor e de justiça.
     XIX - Quando virá esse dilúvio de fogo do puro amor, que deveis atear em toda a terra de um modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, os idólatras, e os próprios judeus hão de arder nele e converter-se? Non est qui se abseondat a calore eius.
     XX - Accendatur. Seja ateado esse divino fogo que Jesus Cristo veio trazer à terra, antes que ateeis o fogo de vossa cólera, que há de re­duzir tudo a cinzas. Emitte Sulritum tuum, et creabuntur, et renovabis faciem terrae. En­viai à terra esse Espírito todo de fogo, para nela criar sacerdotes todos de fogo, por cujo mistério seja a face da terra renovada, e reformada por vossa Igreja.
     XXI - Memento Congregationis tuge: E' uma con­gregação, uma assembléia, uma seleção, urna escolha de predestinados que deveis fazer no mundo e do mundo: Ego elegi vos de mundo. E' um rebanho de pacíficos cordeiros que de­veis ajuntar entre tantos lobos: uma compa­nhia de castas pombas e de águias reais entre tantos corvos; um enxame de laboriosas abe­lhas entre tantos zangãos; uma manada de céleres veados entre tantos cágados; um ba­talhão de leões destemidos entre tantas le­bres tímidas. Ah' Senhor: Congrega nos de nationibus; congregai-nos, uni-nos, para que de tudo se renda toda a glória ao vosso nome santo e poderoso.
     XXII - Predissestes esta ilustre Companhia a vosso profeta, que dela fala em termos muito obscuros e misteriosos, mas divinos: "Pluviam volunta­riam segregabis, Deus, hereditati tuae, et infir­mata est, tu vero perfecisti eam. Animalia tua habitabunt in ea. Parasti in dulcedine tua pau­peri, Deus. Dominus dabit verbum evangeli­zantibus virtute multa. Rex virtutum. dilecti dilecti, et speciei domus dividere spolia. Si dor­miatis inter medios cleros, pennae columbae de­argentatae, et posteriora dorsi eius in pallore auri. Dum discernit caelestis reges super eam, vive dealbuntur in Selmon. Mons Dei, mons pinguis; mons coagulatus, mons pinguis; ut quid suspicamini montes coagulatos? mons in quo beneplacitum est Deo habitare in eo, ete­nim Dominus habitabit in finem" (SI 67, 10-17).
     XXIII - Qual é, Senhor, essa chuva voluntária que se­parastes e escolhestes para vossa enfraqueci­ da herança senão esses santos missionários, fi­lhos de Maria vossa Esposa, aos quais deveis congregar e separar do mundo, para bem de vossa Igreja, tão enfraquecida e maculada pe­los crimes de seus filhos?
     XXIV - Quais esses animais e esses pobres que hão de habitar em vossa herança, e ser aí nutridos com a divina doçura que lhes haveis prepara­do, senão esses pobres missionários abandona­dos à Providência e transbordantes de vossas delícias divinas; esses misteriosos animais de Ezequiel, que hão de ter a humanidade do ho­mem, por sua desinteressada e benfazeja cari­dade para com o próximo; a coragem do leão por sua santa cólera e por seu ardente e pru­dente zelo contra os demônios e filhos de Ba­bilônia; a força do boi por seus trabalhos apos­tólicos e pela mortificação contra a carne; e finalmente a agilidade da águia, por sua con­templação em Deus?
     XXV - Tais são os missionários que quereis enviar à vossa Igreja. Terão olhos de homem para o próximo, olhos de leão contra vossos inimigos, olhos de boi contra si próprios, e olhos de águia para vós. Esses imitadores dos apósto­los pregarão, virtute multa, virtute magna, com grande força e virtude, e tão grande, tão es­plêndida, que hão de comover todos os espí­ritos e todos os corações nos lugares em que pregarem. A eles é que haveis de dar vossa palavra: Datis verbum; e até mesmo vossa boca e vossa sabedoria: Dato vobis os et sapientiam, cui non poterunt resistere omnes adversarii vestri, à qual nenhum dos vossos inimigos poderá resistir.
     XXVI - Entre esses prediletos vossos, ó amabilíssimo Jesus, é que tomareis vossas complacências na qualidade de Rei das virtudes, pois que em to­das as suas missões não hão de ter por objeto senão dar-vos toda a glória das vitórias que alcançarem sobre vossos inimigos: Rex virtutum dilecta dilecti, et speciei domus dividere spolia.
     XXVII - Por seu abandono à Providência e pela devo­ção a Maria Santíssima terão as asas pratea­das da pomba: inter medios cleros, pennae co­lumbae deargentatae: isto é, a pureza da dou­trina e dos costumes; e douradas as costas, et posteriora dorsi eius in pallore auri: isto é, uma perfeita caridade para com o próximo, para suportar-lhe os defeitos, e um grande amol­a Jesus Cristo, para levar a sua cruz.
     XXVIII - Só vós, ó Jesus, como Rei dos céus e Rei dos reis, haveis de separar do mundo esses missio­nários como outros tantos reis, para torná-los mais brancos que a neve sobre a montanha de Selmon, montanha de Deus, montanha abundante e fértil, montanha forte e coagu­lada, montanha em que Deus se compraz ma­ravilhosamente, e na qual habita e há de ha­bitar até ao fim.
     XXIX - Qual é, Senhor Deus de verdade, essa mon­tanha misteriosa de que nos dizeis tantas mara­vilhas, senão Maria, vossa diletíssima Esposa, cuja base pusestes sobre o cimo das mais al­tas montanhas? Fundamenta elus In montibus sanctis... Mons in vertice montium.
     XXXI - Felizes e mil vezes felizes os sacerdotes que tão bem elegestes e predestinastes para con­vosco habitar nessa abundante e divina monta­nha para aí se tornarem reis da eternidade, pe­lo desprezo da terra e pela elevação em Deus; para aí se tornarem mais brancos que a neve pela união a Maria, vossa Esposa toda formo­sa, toda pura e toda imaculada; para aí se en­riquecerem do orvalho do céu e da fecundidade da terra, de todas as bênçãos temporais e eter­nas de que está toda cheia Maria Santíssima.
     XXXI - E' do alto dessa montanha que hão de lan­çar, quais novos Moisés, por suas ardentes sú­plicas dardos contra seus inimigos, para pros­trá-los ou para convertê-los; é sobre essa mon­tanha que hão de aprender da própria boca de Jesus Cristo, que ai está sempre, a inteligên­cia das suas oito bem-aventuranças; é sobre essa montanha de Deus que com ele hão de ser transfigurados, como no Tabor, que hão de morrer com ele, como no Calvário, e que hão de subir com ele ao céu, como na mon­tanha das Oliveiras.
     XXXII - Memento Congregationis tuae. Só a vós com­pete formar por vossa graça essa assembléia; se o homem meter mãos à obra antes de vós, nada se fará; se quiser misturar o que é dele com o que é vosso, estragará tudo, destruirá tudo. Tuae Congregationis: é trabalho vosso, grande Deus: Opus tuum fac, fazei uma obra toda divina; ajuntai, chamai, convocai de to­das as partes de vossas domínios vossos elei­tos para deles fazer um exército contra vos­sos inimigos.
     XXXIII - Vede, Senhor Deus dos exércitos, os capitães que formam companhias complexas, os poten­tados que ajuntam numerosos exércitos, os na­vegadores que reúnem frotas inteiras, os mer­cadores que se congregam em grande número nos mercados e nas feiras! Quantos bandidos, ímpios, ébrios e libertinos se unem em massa contra vós todos os dias, e isto com tanta fa­cilidade e prontidão! Basta soltar um assobio, rufar um tambor, mostrar a ponta embotada de uma espada, prometer um ramo seco de lou­ros, oferecer um pedaço de terra amarela ou branca; basta, em poucas palavras, uma fuma­ça de honra, um interesse de nada, um mesqui­nho prazer animal que se tem em vista, para num instante reunir os bandidos, ajuntar os soldados, congregar os batalhões, convocar os mercadores, encher as casas e os mercados, e cobrir a terra e o mar que uma multidão inume­rável de réprobos, que, embora divididos todos entre si, ou pelo afastamento dos lugares, ou pela diversidade dos gênios, ou por seus pró­prios interesses, se unem, entretanto, e se li­gam até à morte, para fazer-vos guerra sob o estandarte e sob o comando do demônio.
     XXXIV - E nós, grande Deus! embora haja tanta gló­ria e tanto lucro, tanta doçura e vantagem em servir-vos, quase ninguém tomará vosso parti­do? Quase nenhum soldado se alistará em vossas fileiras? Quase nenhum São Miguel cla­mará, no meio de seus irmãos, cheio de zelo para vossa glória: Quis ut Deus?
     XXXV - Ah! permiti que brade por toda parte: Fogo! fogo! fogo! socorro! socorro! socorro! Fogo na casa de Deus! fogo nas almas! fogo até no santuário! Socorro, que assassinam nosso ir­mão! socorro, que degolam nossos filhos! so­corro, que apunhalam nosso bom Pai! Si quis est Domini, iungatur mihi: venham todos os bons sacerdotes que estão espalhados pelo mun­do cristão, os que estão atualmente na peleja, e os que se retiraram do combate para se em­brenharem pelos desertos e ermos, venham to­dos esses bons sacerdotes e se unam a nós. Vis unita fit fortior, para que formemos, sob o estandarte da cruz, um exército em boa ordem de batalha e bem disciplinado, para de concerto atacar os inimigos de Deus que já tocaram a rebate: "Sonuerunt, frenduerunt, fremuerunt, multiplicati sunt. Dirumpamus vincula eorum et proiiciamus a nobis iugum ipsorum. Qui habitat in caelis irridebit eos. Exsurgat Deus, et dissipentur inimici eius. Exsurge, Domine, quare obdormis? Exsurge".
     XXXVI - Erguei-vos, Senhor: por que pareceis dormir? Erguei-vos em todo o vosso poder, em toda a vossa misericórdia e justiça, para formar-vos uma companhia seleta de guardas que velem a vossa casa, defendam vossa glória e salvem tantas almas que custam todo o vosso sangue, para que só haja um aprisco e um pastor, e que todos vos rendam glória em vosso santo tem­plo: Et in templo eius omnes dicent gloriam. Amém.


SUPLICA ARDENTE (Sem Latim)

SUPLICA ARDENTE (Sem Latim)
(ORAÇÃO DE SÃO LUÍS MARIA DE MONTFORT PELAS VOCAÇÕES PARA A NOVA EVANGELIZAÇÃO)

OBS: Os Missionários Monfortinos desenvolveram a oração cotidiana da Súplica Ardente, em parcela, por ser muito grande, para que todos possam rezá-la e meditá-la, na forma publicada a baixo:
Ao final da oração de cada dia pode-se incluir o Pai Nosso, Ave Maria e Glória.
    
DOMINGO
     1 - Lembrai-vos, Senhor, da Congregação que adquiristes desde tempos antigos (SI 74,2). Vós a possuístes na Vossa mente desde toda a eternidade, quando nela pensáveis. Vós a possuístes nas Vossas próprias mãos quando ainda precedíeis à criação do universo. Vós a possuístes no coração quando o Vosso dileto Filho, morrendo na cruz, a consagrava, regando-a com o Seu próprio sangue, e confiando-a à Sua Santa Mãe.
     2 - Realizai, Senhor, os Vossos desígnios de misericórdia. Fazei surgir os homens da Vossa direita que, em visão profética, revelastes a alguns dos Vossos grandes servos tais como S. Francisco de Paula, S. Vicente Ferrer, Santa Catarina de Sena e a tantos outros do século passado e até do presente.
     [Súplica ao Pai]
     3 – Lembrai-vos, Deus onipotente, desta Companhia, exercendo sobre ela a força todo-poderosa do Vosso braço, cujo vigor não perdeu: fazei-a ressurgir e conduzi-a à perfeição. Renovai os Vossos prodígios, fazei novas maravilhas (Ecl. 36,5); fazei que sintamos o auxílio do Vosso braço. Vós, que das pedras toscas podeis fazer surgir outros tantos filhos de Abraão, pronunciai uma só palavra divina: enviai bons operários para a Vossa messe (Lc 10,2) e bons missionários para a Vossa Igreja.
    
SEGUNDA-FEIRA
     4 - Lembrai-vos, Deus de misericórdia, do grande amor que demonstrastes ao Vosso antigo povo e, em nome desse mesmo amor, lembrai-vos desta Congregação. Lembrai-vos das repetidas promessas que fizestes através dos profetas e do Vosso próprio Filho, de atender os nossos justos pedidos. Lembrai-vos das inumeráveis súplicas que os Vossos servos Vos dirigiram no decorrer de tantos séculos; que as suas aspirações, as suas lágrimas e o seu sangue derramado cativem com eficácia a Vossa misericórdia. Lembrai-vos, sobretudo, do Vosso dileto Filho: "considerai o rosto do Vosso Ungido" (SI 84,10). A sua agonia, a sua angústia e a sua amorosa lamentação no Jardim das Oliveiras (SI 31,10), e até a sua própria morte e sangue derramado suplicam-vos em alta voz: MISERICÓRDIA! Por meio desta Congregação possa o reinado de Cristo ser solidamente implantado sobre as ruínas dos Vossos inimigos.
     5 - Lembrai-vos, Senhor, desta comunidade para realizardes a Vossa justiça. É tempo de agirdes, segundo as Vossas promessas: violaram a Vossa lei (SI 119,126), o Vosso Evangelho foi abandonado, torrentes de iniquidade inundam toda a terra, contaminando até os Vossos próprios servos; todo o mundo se encontra em estado deplorável, os ímpios reinam a seu belo prazer o Vosso santuário é profanado, a iniquidade penetrou até o lugar sagrado. Senhor, Deus de justiça, ireis permitir tudo se encaminhe para a ruína? Quereis Vós que tudo seja destruído como Sodoma e Gomorra? Continuareis sempre calar-vos e a ter paciência? A Vossa vontade não deverá cumprir-se na Terra como no Céu e não deverá ser estabelecido o Vosso Reino? Não revelastes, afinal, a alguns dos Vossos amigos uma renovação futura da Vossa Igreja? Não deverão, porventura, os judeus converter-se à verdade? Não é isso que a Igreja espera? Os santos dos Céus não Vos clamam justiça (Ap 6,10)? Os justos da terra não Vos imploram: Amém, "vem, Senhor Jesus" (Ap 22,20)? Todas as criaturas, até as mais insensíveis, gemem debaixo do peso dos inumeráveis pecados de Babilônia e invocam a Vossa vinda para restaurar todas as coisas (Rm 8,22).

     TERÇA-FEIRA
     [Súplica ao Filho]
     6 - Lembrai-vos, Senhor Jesus, de dar à Vossa Mãe uma nova Companhia para renovar o mundo. Assim, por meio de Maria, terminareis os anos de graça que, também por meio d'Ela, ini­ciastes. Daí filhos e servos à Vossa Mãe, senão fazei que eu morra (Gn 30,1)! É para Vossa Mãe que eu imploro! Recordai-vos que sois Filho Seu, portanto, não me rejeiteis; recordai-vos que Ela é Vossa Mãe, portanto, escutai-me; recordai-vos do Seu amor para convosco, portanto, apagai os meus desejos. Afinal, que é que eu Vos peço? Nada em proveito próprio: pelo contrário, tudo para Vossa glória. Peço-vos aquilo que podeis, ou melhor, e ouso afirmá-lo, aquilo que deveis conceder-me, na qualidade de verdadeiro Deus, a quem foi dado todo o poder no Céu e na terra e na qualidade do melhor de todos os filhos, Pois amais infinitamente a Vossa Mãe.
     7- O que vos estou pedindo? Peço-vos homens e mulheres livres de Vossa liberdade, desprendidos de tudo: de pai, mãe, irmãos, irmãs, parentes segundo a carne, amigos segundo o mundo, sem bens, sem impedimentos e sem preocupações e até sem vontade própria.
     8 - Peço-vos homens e mulheres segundo o Vosso coração, intei­ramente disponíveis à Vossa vontade e só por amor; portanto não amarrados à sua vontade própria, mas antes, à semelhança de Davi, levando na mão o cajado da cruz e a funda do rosário (1 Sm 17,40; SI 23,4).
     9 - Peço-vos homens e mulheres livres que possam voar para onde os impele o sopro do Espírito Santo, quais nuvens elevadas acima da terra e repletas de orvalho. São em parte aqueles de quem os Vossos profetas tiveram conhecimento, quando se interrogavam: "Quem são estes que voam como nuvens" (Is 60,8)? "Seguiam para onde o Espírito os levava" (Ez 1,12).
     10 - Peço-vos pessoas totalmente disponíveis, sempre prontas a obedecer-vos, respondendo, como Samuel, à voz dos seus superiores (1 Sam 3,16), sempre prontas a correr e a tudo suportar Convosco e por Vós, à maneira dos Apóstolos (Jo 11,16).

     QUARTA-FEIRA
     11 - Peço-vos, ainda, verdadeiros filhos e filhas de Maria, Vossa santa Mãe, que por Ela sejam gerados com amor, levados em seu seio, abraçados ao seu peito, alimentados com o seu leite, nutridos, educados e sustentados com maternal solicitude e repletos de Suas graças.
     12 - Peço-vos, por fim, verdadeiros servidores da Santíssima Virgem. Tal como S. Domingos, eles irão por todo o lado, levando a chama luminosa e ardente do Evangelho para iluminar as trevas do mundo, irradiando amor. Levarão consigo o Rosário e pregarão a verdadeira devoção a Maria que será: interior e não hipócrita, exterior e não crítica, prudente e não sem consistência, afetuosa e não insensível, constante e não volúvel, santa e não presunçosa. Com esta arma esmagarão, por onde quer que passem, a cabeça da antiga serpente a fim de que se cumpra a maldição por Vós sentenciada: "Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça" (Gn 3,15).
     13 - Senhor, tal como profetizastes, o demônio armará graves ladas ao calcanhar desta misteriosa mulher ou seja, à pequena Companhia de Seus filhos, que surgirão no crepúsculo rio mundo. Haverá grande inimizade entre esta geração bendita de Maria e a raça maldita de Satanás; mas tratar-se-á duma inimizade totalmente divina, a única, aliás, de que sois autor. As lutas e perseguições que os sequazes de Belial moverão aos descendentes de Vossa Mãe, servirão apenas para testemunhar quão eficaz é a Vossa graça, corajosas as suas virtudes e todo-poderosa a Vossa Mãe. A Ela, mulher de coração humilde, confiastes a tarefa de esmagar com seu calcanhar a cabeça da serpente orgulhosa.
     14 - Meu Deus, não será para mim melhor morrer do que ter de constatar cada dia que sois tão impunemente ultrajado e encontrar-me cada vez mais na eminência de eu vir a ser arrastado por torrentes de iniqüidade sempre a crescer? Preferiria mil vezes!... Enviai-me socorro do céu, senão vinde buscar a minha vida. Se eu não tivesse a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, acabareis por atender este pobre pecador em benefício da Vossa glória, tal como atendestes tantos outros (SI 34,7), rogar-vos-ia sem hesitar, com um profeta: "Tirai-me a vida" (1Rs 19,4). Mas, a minha confiança na Vossa misericórdia impele-me a dizer com outro profeta; "Não morrerei, antes viverei, para celebrar as obras do Senhor" (SI 118,17), até quando poderei proclamar como Simeão; "Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz [...] porque os meus olhos viram a Salvação" (Lc 2,29-30).

     QUINTA-FEIRA
     [Súplica ao Espírito Santo]
     15 - Lembrai-vos, Espírito Santo, de gerar e formar filhos e filhas de Deus com Maria, Vossa divina e fiel Esposa. N'Ela e com Ela formastes já a cabeça do corpo místico, por isso, com Ela e n'Ela devereis formar todos os seus membros. Vós não gerais nenhuma pessoa divina na Divindade, mas só Vós podeis transformar os homens em outros tantos filhos de Deus. Todos santos, quer do passado quer do futuro, são fruto do Vosso  em união a Maria.
     16 - O Reino do Pai terminou com um dilúvio de água; o Reino de Jesus Cristo terminou com um dilúvio de sangue; mas o Vosso Reino, ó Espírito do Pai e do Filho, continua agora e terminará com um dilúvio de fogo de amor e de justiça.
     17 - Quando será que virá esse dilúvio de fogo de puro amor que deverá atear-se sobre toda a terra dum modo tão suave e veemente capaz de atingir e converter pagãos, hereges, judeus e todos os povos? Que se ateie, pois, esse fogo que Jesus Cristo veio trazer à terra (Lc 12,49), antes que irrompa aquele da ira divina que reduzirá a cinzas o mundo inteiro! Mandai esse Espírito todo fogo sobre a terra, e suscitai sacerdotes que sejam também todos de fogo! Que, através do seu ministério, seja renovada a face da terra e reformada a Igreja.
     18 - Lembrai-vos da Vossa Congregação. É uma congregação, uma assembléia de eleitos que deveis reunir no mundo e do mundo (Jo 15,19). É um rebanho de pacíficos cordeiros no meio de tantos lobos, um bando de castas pombas e de águias reais no meio de tantos corvos, um enxame de abelhas no meio de tantos zangãos, um rebanho de ágeis veados de entre tantas tartarugas, um batalhão de destemidos leões de entre tantas tímidas lebres. Senhor, "recolhei-nos d'entre as nações" (SI 106,47). Juntai-nos, uni-nos a fim de que seja glorificado o Vosso nome santo e Todo-Poderoso.

     SEXTA-FEIRA
     [A nova família de Maria]
     19 - Vós predissestes esta gloriosa Companhia ao Vosso profeta, que a ela se refere em termos ainda obscuros e misteriosos, mas verdadeiramente divinos; "Fizestes, ó Deus, cair uma chuva abundante; à Vossa herança extenuada restauraste as forças". "O nosso povo ficou restabelecido; Vós reconfortais o pobre, na Vossa bondade". O Senhor dá uma ordem, e os anunciados da Boa Nova são uma multidão. Fogem, fogem os chefes dos exércitos, e a mais bonita da casa reparte os despojos. En­quanto vós, responsáveis no acampamento, repousais entre os muros do aprisco, as asas da pomba se cobrem de prata e suas penas com o brilho do ouro. Enquanto o onipotente dispersa os seus chefes cai a neve sobre o Salmon. Montanha de Deus, a montanha de Basan"! "Montanha de altos picos, a montanha de Basan! Ó montes escarpados porque invejais a montanha que o Senhor elegeu para a sua morada"? "O Senhor habitará nela eternamente" (SI 68,10-17)!
     20 - Qual é, Senhor, essa chuva abundante que reservastes para dar novo vigor à Vossa herança decaída? Não será, porventura, este esquadrão de santos missionários, filhos de Maria, Vossa Esposa, que ireis agrupar e consagrar para o bem da Vossa Igreja, tão debilitada a manchada pelos pecados de seus filhos?
     21 - Quem são esses animais e esses pobres que permanecerão na Vossa herança e que serão alimentados de doçura divina que preparastes para eles, senão estes pobres missionários abandonados à Providência que se regozijarão das Vossas divinas delícias; senão aqueles animais misteriosos de que fala Ezequiel que serão profundamente humanos pela sua caridade desinteressada e benfazeja para com o próximo, a coragem do leão pela sua santa indignação e o seu zelo ardente e prudente contra os demônios, filhos de Babilônia, a força do boi pelos seus trabalhos apostólicos e a sua mortificação da carne e, por fim, a agilidade da águia pela contemplação de Deus? Assim serão os missionários que quereis enviar à Vossa Igreja. Terão um olhar humano para com o próximo, um olhar de leão contra os Vossos inimigos, um olhar de boi contra si próprios e um olhar de águia para Vós.
     22 - Estes imitadores dos Apóstolos pregarão com tal veemência (Mt 24,30; Mc 13,16; At 4,33; Br 2,11) que se tornarão capazes de sacudir os próprios espíritos e todos os corações, ali onde pregarem. É a esses, com efeito, que dareis a Vossa palavra, até mesmo a Vossa língua e Sabedoria, a que nenhum adversário poderá resistir (Lc 21,15).
     23 - E no meio destes prediletos que Vós, na qualidade de Rei das virtudes de Jesus Cristo bem-amado, encontrareis a Vossa complacência, já que eles não terão em todas as suas missões Qualquer outro objetivo senão levar-vos a glória dos seus triunfos sobre os Vossos inimigos.
     24 - Pelo seu abandono à Providência e devoção a Maria, terão as asas prateadas da pomba, ou seja, a pureza de doutrina e de vida; terão ainda costas de reflexos dourados, ou seja, uma grande caridade para com o próximo para lhes tolerar os defei­tos e um grande amor a Jesus Cristo para carregar a sua cruz.
     25 - Somente Vós, Rei supremo, podereis escolher entre a multidão tais missionários e consagrá-los como outros tantos reis. Torná-los-eis mais brancos do que a neve de Salmon montanha de Deus, montanha larga e fértil, sólida e compacta' onde Deus tem grande prazer em habitar para sempre. Quem é, Senhor, Espírito de verdade, essa misteriosa montanha de que dizeis maravilhas, senão Maria, Vossa dileta Esposa? É Ela a montanha erguida por cima dos montes (Is 2,2); "o seu fundamento está sobre os montes santos" (SI 87,1). Felizes, sim, mil vezes felizes, aqueles sacerdotes por Vós escolhidos e predestinados a habitar Convosco sobre essa Montanha! Aí, em cima, tornar-se-ão reis para a eternidade através do desapego dos bens terrenos e da sua elevação em Deus; tornar-se-ão mais brancos do que a neve porque unidos a Maria, Vossa Esposa imaculada, puríssima e toda resplendor; aí serão enriquecidos pelo orvalho do céu e pela abundância da terra, com todas as bênçãos temporais e eternas de que Maria está repleta. Do alto dessa Montanha, à semelhança de Moisés, lançarão seus dardos contra os seus inimigos para abatê-los e levá-los à conversão; seus dardos serão as suas preces ardentes. Sobre essa Montanha aprenderão da boca do próprio Jesus Cristo, que lá habita, o que significam as oito bem-aventuranças. Sobre essa Montanha de Deus serão transfigurados com Cristo tal como no monte Tabor, com Ele morrerão tal como no Calvário e, com Ele, subirão ao Céu tal como no Monte das Oliveiras.

     SÁBADO
     [Conclusão]
     26 - Lembrai-vos da Vossa Congregação. Só a Vós pertence, com a Vossa graça, formar esta assembléia. Se for o homem o primeiro a lançar mãos a obra, nada será feito; se nisso impor algo de si mesmo, estragará e acabará com tudo. Senhor, Deus Onipotente, é obra exclusivamente Vossa!... Juntai, convocai, reuni de todos os confins do Vosso Reino os eleitos, para com constituirdes um batalhão contra os Vossos inimigos.
      27 - Senhor, Deus dos exércitos: vede como os capitães mo­bilizam as companhias, os generais agrupam exércitos numerosos, os almirantes reúnem frotas inteiras, os comerciantes juntam-se em grupos nos mercados e nas feiras. E até quantos ladrões, ímpios, ébrios e libertinos se agrupam todos os dias, com facilidade e prontidão e fazem-no contra Vós! Basta-lhes um apelo dum assobio, o rufar dum tambor, o apontar de uma espada embotada, a promessa de um ramo de louro ainda que seco, a oferta de um punhado de ouro ou prata! Basta-lhes, enfim, uma efêmera honra, um mísero interesse, um prazer mesquinho para reagrupar, num instante, os ladrões, contratar soldados e até batalhões, juntar homens de negócio, encher casas e praças, cobrir a terra e o mar de uma multidão incontável de gente perversa. Ainda que toda essa gente se encontre dividida e dispersa devido à distância, à própria maneira de ser de cada um ou interesses pessoais, logo que se trate de Vos mover guerra, hei-los, de repente, agrupados até à morte, sob a bandeira e guia do demônio.
     28 - E para Vós, Senhor? Será que, apesar de haver tanta glória, doçura e proveito em servir-vos, não haverá ninguém disposto a tomar partido por Vós? Porque será que tão poucos soldados se alistam sob a Vossa bandeira? Porque será que quase ninguém vai junto dos seus irmãos a clamar de zelo pela Vossa glória, como fez S. Miguel: "Quem, como Deus"? Ah!... Deixai-me clamar por toda a terra: Fogo! Fogo! Fogo!... Socorro! Socorro! Socorro!... Há fogo na casa de Deus! Há fogo nas almas! Há fogo até mesmo no santuário!... Socorro... que assassinam o nosso irmão!... Socorro... que degolam os nossos filhos!... Socorro... que apunhalam o nosso bom pai!...
     29 - "Quem é pelo Senhor junte-se a mim!" (Ex. 32,26): que todos os bons sacerdotes espalhados pelo mundo cristão, que Se encontrem atualmente em pleno combate ou que estejam já retirados da confusão e vivendo em desertos e na solidão, que todos esses se juntem a nós. "A união faz a força": unamo-nos para que, debaixo da bandeira da Cruz, formemos um exército bem alinhado e pronto para a batalha, para atacar ordeiramente os inimigos de Deus que já lançaram o grito de guerra: põem as sirenes a tocar, bramam, rangem os dentes engrossam fileiras. "Quebremos as suas cadeias, lancemos para longe de nós o seu jugo"(SI 2,3)! "O que habita nos céus sorri o Senhor toma-os em escárnio" (SI 2,4). "Levante-se o Senhor e dispersem-se os seus inimigos" (SI 68,2)! "Acordai, Senhor por que dormis? Despertai" (SI 44,24)!

     30 - Levantai-vos, Senhor! Por que pareceis dormir? Ponde em ação a Vossa onipotência, a Vossa misericórdia e justiça: escolhei para Vós uma Companhia de guarda-costas para proteger a Vossa casa, defender a Vossa glória e salvar as almas, a fim de que haja um só rebanho e um só pastor e que todos possam bendizer-vos no Vosso santuário (SI 29,9).