domingo, 2 de junho de 2013

ORAÇÃO ABRASADA ou ORAÇÃO ABRADADORA ou SÚPLICA ARDENTE, ou, Prece de S. Luis Maria Grignion de Montfort pedindo a Deus missionários para a sua Companhia de Maria

ORAÇÃO ABRASADA ou ORAÇÃO ABRADADORA ou SÚPLICA ARDENTE, ou, Prece de S. Luis Maria Grignion de Mont­fort pedindo a Deus missionários para a sua Companhia de Maria:

     I - Lembrai-vos, Senhor, lembrai-vos da vossa Congregação que desde o principio vos perten­ceu, e em que pensastes desde toda a eterni­dade; que seguráveis na vossa mão onipotente, quando, com uma palavra, tiráveis do nada o universo; e que escondíeis ainda em vosso coração, quando vosso Filho, morrendo na cruz, a consagrou por sua morte, e a entregou, qual precioso deposito, a solicitude de sua Mãe Santíssima: Memor esto Congregationis tuae quam possedisti ab initio.
     II - Atendei aos desígnios de vossa misericórdia, suscitai homens da vossa destra, tais quais mos­trastes a alguns de vossos maiores servos, a quem destes luzes proféticas, a um São Fran­cisco de Paula, a um São Vicente Ferrer, a uma Santa Catarina de Sena, e a tantas ou­tras grandes almas, no século passado e ate neste, em que vivemos.
     III - Memento: Onipotente Deus, lembrai-vos des­ta Companhia, ostentando sobre ela a onipotência de vosso braço, que não diminuiu, para dar-lhe a luz e produzi-la, e para conduzi-la à perfeição. Innova signa, immuta mirabilia, sentiamus adiutorium brachii tui.
     IV - 0' grande Deus que podeis fazer das pedras brutas outros tantos filhos de Abraão, dizei uma só palavra como Deus, e virão logo bons obreiros para a vossa seara, bons missionários para a vossa Igreja.
     V - Memento: Deus de bondade, lembrai-vos de vossas antigas misericórdias, e, por essas mesmas misericórdias, lembrai-vos da vossa Congregação; lembrai-vos das promessas reiteradas que nos tendes feito, por vossos profetas e pelo vosso próprio Filho, de sempre atender favoravelmente a todos os nossos pedidos justos. Lembrai-vos das preces que, desde tantos séculos, vossos servos e servas para este fim vos têm dirigido; venham à vossa presença seus votos, seus soluços, suas lágrimas e seu sangue derramado, e poderosamente solicitem vossa misericórdia. Mas lembrai-vos sobretudo de vosso amado Filho: Respice in faciem Christi tui. Contemplem vossos olhos sua agonia, sua confusão, o seu amoroso queixume no Jardim das Oliveiras, quando disse: Quae utilitas in sanguine meo? Sua cruel morte e seu sangue derramado altamente vos clamam misericórdia, a fim de que, por meio desta Congregação, seja seu império estabelecido sobre os escombros do de seus inimigos.
     VI - Memento: Lembrai-vos, Senhor, desta Comunidade nos efeitos de vossa justiça. Pempus faciendi, Domine, dissipaverunt legem tuim: é tempo de cumprir o que prometestes. 'Vossa divina fé é transgredida; vosso Evangelho desprezado; abandonada, vossa religião; 1 torrentes de iniqüidade inundam toda a terra, e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada: Desolatione desolata est omnis terra; a impiedade está sobre um trono; vosso santuário é profanado, e a abominação entrou até no lugar santo. E assim deixareis tudo ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Gomorra? Calar-vos-eis sempre? Não cumpre que seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu, e que a nós venha o vosso reino? Não mostrastes antecipadamente a alguns de vossos amigos uma futura renovação de vossa Igreja? Não se devem os judeus converter à verdade? Não é esta a expectativa da Igreja? Não vos clamar todos os santos do céu: "Justiça! Vindica?" Não vos dizem todos os justos da terra: Amen, veni, Domine! Não gemem todas as criaturas, até as mais insensíveis, sob o peso dos inumeráveis pecados de Babilônia, pedindo a vossa vinda para restabelecer todas as coisas? Omnis crestura ingemiscit.
     VII – Senhor Jesus, memento Congregationis tuae. Lembrai-vos de dar à vossa Mãe uma nova Companhia, a fim de por ela renovar todas as coisas, e a fim de terminar por Maria Santíssima os anos de graça, assim como por ela os começastes.
     VIII - Da Matri tuae liberos, alioquin moriar: dai filhos e servos à vossa Mãe: quando não, fazei que eu morra. Da Matri tuae. E' por vossa Mãe que vos imploro. Lembrai-vos de suas entranhas e de seu seio, e não rejeiteis minhas súplicas; lembrai-vos de quem sois Filho, e aten­dei-me; lembrai-vos do que ela e para vós e do que sois para ela, e satisfazei a meus vo­tos. Que vos pego eu? dada em meu favor, tudo para vossa gloria. Que vos pego eu? o que podeis, e ate ouso dizer, o que deveis conceder-me, como verdadeiro Deus que sois, a quem todo o poder foi dado no céu e na terra, e como o melhor dos filhos, que amais infinitamente vossa Mãe.
     IX - Que vos pego eu? Liberos: Sacerdotes, livres de vossa liberdade, desprendidos de tudo, sem pai, sem rode, sem irmãos, sem irmãs, sem pa­rentes segundo a carne, sem amigos segundo o mundo, sem bens, sem embaraços, sem. cuida­dos, e até sem vontade própria.
     X - Liberos: Escravos de vosso amor e de vossa vontade; homens segundo vosso coração, que, sem vontade própria que os macule e faça pa­rar, executem todas as vossas vontades, e der­rubem todos os vossos inimigos, quais novos Davids, com o cajado da cruz e a funda do santíssimo Rosário, nas mãos: In baculo Cruce et, in virga Virgine.
     XI - Liberos: Almas elevadas da terra e cheias do celeste orvalho, que, sem obstáculos, voem de todos os lados, movidos pelo sopro do Espírito Santo. Em parte, foi delas que tiveram conheci­mento vossos profetas, quando perguntaram: Qui sunt isti qui ut nubes volant? - Ubi erat impetus spiritus, illuc gradiebantur.
     XII - Liberos: Almas sempre a vossa mão, sempre prontas a obedecer-vos, a voz de seus superio­res, como Samuel: Praesto sum; sempre prontos a correr e a sofrer tudo por vos e convosco, como os apóstolos: Eamus et nos, ut moriamur cum eo.
     XIII - Liberos: Verdadeiros filhos de Maria, vossa Mãe Santíssima, engendrados e concebidos por sua caridade, trazidos em seu seio, presos a seu peito, nutridos de seu leite, educados por sua solicitude, sustentados por seus braços e enriquecidos de suas graças.
     XIV - Liberos: Verdadeiros servos da Santíssima Virgem, que, como outros tantos São Domin­gos, vão por toda parte, com o facho lúcido e ardente do santo Evangelho na boca, e na mão o canto rosário, a ladrar, como cães fieis, con­tra os lobos que só buscam estraçalhar o reba­nho de Jesus Cristo; que vão, ardendo como fogos, e iluminando como sois as trevas deste mundo; e que, por meio de uma verdadeira devoção a Maria Santíssima, isto e, uma devoção interior, sem hipocrisia; exterior, sem critica; prudente, sem ignorância; terna, sem indiferença; constante, sem versatilidade, e santa, sem presunção, esmaguem, por todos os lugares em que estiverem, a cabeça da antiga serpente, a fim de que a maldição que sobre ela lan­çastes seja inteiramente cumprida. Inimicitias ponam inter te et mulierem, et semen tuum et semen iliius; ipsa conteret caput tuum.
     XV - É verdade, grande Deus, que o mundo há de armar, como predissestes, grandes ciladas ao calcanhar dessa mulher misteriosa, isto e, a pequena Companhia de seus filhos que hão de surgir perto do fim do mundo; a verdade que há de haver grandes inimizades entre essa ben­dita posteridade de Maria Santíssima e a raça maldita de satanás: mas é essa uma inimizade toda divina, a única de que sejais autor: Inimi­citias ponam. Porém esses combates e essas perseguições dos filhos da raça de Belial contra a raça de vossa Mãe Santíssima só servirão para melhor fazer resplandecer o poder de vossa graça, a coragem da virtude dos vossos ser­vos, e a autoridade de vossa Mãe, pois que lhes destes, desde o começo do mundo, a mis­são de esmagar esse soberbo, pela humildade de seu coração: Ipsa conteret caput tuum.
     XVI - Alioquin moriar. Não é melhor para mim morrer do que vos ver, meu Deus, todos os dias tão cruel e impunemente ofendido, e a mim mesmo ver todos os dias em risco de ser arrastado pelas torrentes de iniqüidade que au­mentam a cada instante, sem que nada se lhes oponha? Ah! mil mortes me seriam mais tolerá­veis. Enviai-me o socorro do céu, ou senão chamai a minha alma. Sim, se eu não tivesse a es­perança de que, mais cedo ou mais tarde, ha­veis de ouvir este pobre pecador, nos interes­ses de vossa glória, como já ouvistes a tantos outros: Iste pauper clamavít et Dominus exau­divit eum, pedir-vos-ia do mesmo modo que o profeta: Tolle animam meam.
     XVII - A confiança que tenho em vossa misericór­dia faz-me, porém, dizer com outro profeta: Non moriar, sed vivam, et narrabo opera Do­mini; até que com o velho Simeão possa di­zer: Nunc dimittis servujn tuum, Domine... in pace, quia viderunt oculi mei, etc.
     XVIII - Memento: Divino Espírito Santo, lembrai-vos de produzir e de formar filhos de Deus, com Maria, vossa divina e fiel Esposa. Formastes Jesus Cristo, cabeça dos predestinados com ela e nela, e com ela e nela deveis formar todos os seus membros; nenhuma pessoa divina en­gendrais na Divindade, mas só vós, unicamen­te vós, formais todas as pessoas divinas, fora da Divindade, e todos os santos que têm existi­do e hão de existir até ao fim do mundo, são outros tantos produtos de vosso amor unido a Maria Santíssima. O reino especial de Deus Pai durou até ao dilúvio, e foi terminado por um dilúvio de água; o reino de Jesus Cris­to foi terminado por um dilúvio de sangue, mas vosso reino. Espírito do Pai e do Fi­lho, está continuando presentemente, e há de ser terminado por um dilúvio de fogo, de amor e de justiça.
     XIX - Quando virá esse dilúvio de fogo do puro amor, que deveis atear em toda a terra de um modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, os idólatras, e os próprios judeus hão de arder nele e converter-se? Non est qui se abseondat a calore eius.
     XX - Accendatur. Seja ateado esse divino fogo que Jesus Cristo veio trazer à terra, antes que ateeis o fogo de vossa cólera, que há de re­duzir tudo a cinzas. Emitte Sulritum tuum, et creabuntur, et renovabis faciem terrae. En­viai à terra esse Espírito todo de fogo, para nela criar sacerdotes todos de fogo, por cujo mistério seja a face da terra renovada, e reformada por vossa Igreja.
     XXI - Memento Congregationis tuge: E' uma con­gregação, uma assembléia, uma seleção, urna escolha de predestinados que deveis fazer no mundo e do mundo: Ego elegi vos de mundo. E' um rebanho de pacíficos cordeiros que de­veis ajuntar entre tantos lobos: uma compa­nhia de castas pombas e de águias reais entre tantos corvos; um enxame de laboriosas abe­lhas entre tantos zangãos; uma manada de céleres veados entre tantos cágados; um ba­talhão de leões destemidos entre tantas le­bres tímidas. Ah' Senhor: Congrega nos de nationibus; congregai-nos, uni-nos, para que de tudo se renda toda a glória ao vosso nome santo e poderoso.
     XXII - Predissestes esta ilustre Companhia a vosso profeta, que dela fala em termos muito obscuros e misteriosos, mas divinos: "Pluviam volunta­riam segregabis, Deus, hereditati tuae, et infir­mata est, tu vero perfecisti eam. Animalia tua habitabunt in ea. Parasti in dulcedine tua pau­peri, Deus. Dominus dabit verbum evangeli­zantibus virtute multa. Rex virtutum. dilecti dilecti, et speciei domus dividere spolia. Si dor­miatis inter medios cleros, pennae columbae de­argentatae, et posteriora dorsi eius in pallore auri. Dum discernit caelestis reges super eam, vive dealbuntur in Selmon. Mons Dei, mons pinguis; mons coagulatus, mons pinguis; ut quid suspicamini montes coagulatos? mons in quo beneplacitum est Deo habitare in eo, ete­nim Dominus habitabit in finem" (SI 67, 10-17).
     XXIII - Qual é, Senhor, essa chuva voluntária que se­parastes e escolhestes para vossa enfraqueci­ da herança senão esses santos missionários, fi­lhos de Maria vossa Esposa, aos quais deveis congregar e separar do mundo, para bem de vossa Igreja, tão enfraquecida e maculada pe­los crimes de seus filhos?
     XXIV - Quais esses animais e esses pobres que hão de habitar em vossa herança, e ser aí nutridos com a divina doçura que lhes haveis prepara­do, senão esses pobres missionários abandona­dos à Providência e transbordantes de vossas delícias divinas; esses misteriosos animais de Ezequiel, que hão de ter a humanidade do ho­mem, por sua desinteressada e benfazeja cari­dade para com o próximo; a coragem do leão por sua santa cólera e por seu ardente e pru­dente zelo contra os demônios e filhos de Ba­bilônia; a força do boi por seus trabalhos apos­tólicos e pela mortificação contra a carne; e finalmente a agilidade da águia, por sua con­templação em Deus?
     XXV - Tais são os missionários que quereis enviar à vossa Igreja. Terão olhos de homem para o próximo, olhos de leão contra vossos inimigos, olhos de boi contra si próprios, e olhos de águia para vós. Esses imitadores dos apósto­los pregarão, virtute multa, virtute magna, com grande força e virtude, e tão grande, tão es­plêndida, que hão de comover todos os espí­ritos e todos os corações nos lugares em que pregarem. A eles é que haveis de dar vossa palavra: Datis verbum; e até mesmo vossa boca e vossa sabedoria: Dato vobis os et sapientiam, cui non poterunt resistere omnes adversarii vestri, à qual nenhum dos vossos inimigos poderá resistir.
     XXVI - Entre esses prediletos vossos, ó amabilíssimo Jesus, é que tomareis vossas complacências na qualidade de Rei das virtudes, pois que em to­das as suas missões não hão de ter por objeto senão dar-vos toda a glória das vitórias que alcançarem sobre vossos inimigos: Rex virtutum dilecta dilecti, et speciei domus dividere spolia.
     XXVII - Por seu abandono à Providência e pela devo­ção a Maria Santíssima terão as asas pratea­das da pomba: inter medios cleros, pennae co­lumbae deargentatae: isto é, a pureza da dou­trina e dos costumes; e douradas as costas, et posteriora dorsi eius in pallore auri: isto é, uma perfeita caridade para com o próximo, para suportar-lhe os defeitos, e um grande amol­a Jesus Cristo, para levar a sua cruz.
     XXVIII - Só vós, ó Jesus, como Rei dos céus e Rei dos reis, haveis de separar do mundo esses missio­nários como outros tantos reis, para torná-los mais brancos que a neve sobre a montanha de Selmon, montanha de Deus, montanha abundante e fértil, montanha forte e coagu­lada, montanha em que Deus se compraz ma­ravilhosamente, e na qual habita e há de ha­bitar até ao fim.
     XXIX - Qual é, Senhor Deus de verdade, essa mon­tanha misteriosa de que nos dizeis tantas mara­vilhas, senão Maria, vossa diletíssima Esposa, cuja base pusestes sobre o cimo das mais al­tas montanhas? Fundamenta elus In montibus sanctis... Mons in vertice montium.
     XXXI - Felizes e mil vezes felizes os sacerdotes que tão bem elegestes e predestinastes para con­vosco habitar nessa abundante e divina monta­nha para aí se tornarem reis da eternidade, pe­lo desprezo da terra e pela elevação em Deus; para aí se tornarem mais brancos que a neve pela união a Maria, vossa Esposa toda formo­sa, toda pura e toda imaculada; para aí se en­riquecerem do orvalho do céu e da fecundidade da terra, de todas as bênçãos temporais e eter­nas de que está toda cheia Maria Santíssima.
     XXXI - E' do alto dessa montanha que hão de lan­çar, quais novos Moisés, por suas ardentes sú­plicas dardos contra seus inimigos, para pros­trá-los ou para convertê-los; é sobre essa mon­tanha que hão de aprender da própria boca de Jesus Cristo, que ai está sempre, a inteligên­cia das suas oito bem-aventuranças; é sobre essa montanha de Deus que com ele hão de ser transfigurados, como no Tabor, que hão de morrer com ele, como no Calvário, e que hão de subir com ele ao céu, como na mon­tanha das Oliveiras.
     XXXII - Memento Congregationis tuae. Só a vós com­pete formar por vossa graça essa assembléia; se o homem meter mãos à obra antes de vós, nada se fará; se quiser misturar o que é dele com o que é vosso, estragará tudo, destruirá tudo. Tuae Congregationis: é trabalho vosso, grande Deus: Opus tuum fac, fazei uma obra toda divina; ajuntai, chamai, convocai de to­das as partes de vossas domínios vossos elei­tos para deles fazer um exército contra vos­sos inimigos.
     XXXIII - Vede, Senhor Deus dos exércitos, os capitães que formam companhias complexas, os poten­tados que ajuntam numerosos exércitos, os na­vegadores que reúnem frotas inteiras, os mer­cadores que se congregam em grande número nos mercados e nas feiras! Quantos bandidos, ímpios, ébrios e libertinos se unem em massa contra vós todos os dias, e isto com tanta fa­cilidade e prontidão! Basta soltar um assobio, rufar um tambor, mostrar a ponta embotada de uma espada, prometer um ramo seco de lou­ros, oferecer um pedaço de terra amarela ou branca; basta, em poucas palavras, uma fuma­ça de honra, um interesse de nada, um mesqui­nho prazer animal que se tem em vista, para num instante reunir os bandidos, ajuntar os soldados, congregar os batalhões, convocar os mercadores, encher as casas e os mercados, e cobrir a terra e o mar que uma multidão inume­rável de réprobos, que, embora divididos todos entre si, ou pelo afastamento dos lugares, ou pela diversidade dos gênios, ou por seus pró­prios interesses, se unem, entretanto, e se li­gam até à morte, para fazer-vos guerra sob o estandarte e sob o comando do demônio.
     XXXIV - E nós, grande Deus! embora haja tanta gló­ria e tanto lucro, tanta doçura e vantagem em servir-vos, quase ninguém tomará vosso parti­do? Quase nenhum soldado se alistará em vossas fileiras? Quase nenhum São Miguel cla­mará, no meio de seus irmãos, cheio de zelo para vossa glória: Quis ut Deus?
     XXXV - Ah! permiti que brade por toda parte: Fogo! fogo! fogo! socorro! socorro! socorro! Fogo na casa de Deus! fogo nas almas! fogo até no santuário! Socorro, que assassinam nosso ir­mão! socorro, que degolam nossos filhos! so­corro, que apunhalam nosso bom Pai! Si quis est Domini, iungatur mihi: venham todos os bons sacerdotes que estão espalhados pelo mun­do cristão, os que estão atualmente na peleja, e os que se retiraram do combate para se em­brenharem pelos desertos e ermos, venham to­dos esses bons sacerdotes e se unam a nós. Vis unita fit fortior, para que formemos, sob o estandarte da cruz, um exército em boa ordem de batalha e bem disciplinado, para de concerto atacar os inimigos de Deus que já tocaram a rebate: "Sonuerunt, frenduerunt, fremuerunt, multiplicati sunt. Dirumpamus vincula eorum et proiiciamus a nobis iugum ipsorum. Qui habitat in caelis irridebit eos. Exsurgat Deus, et dissipentur inimici eius. Exsurge, Domine, quare obdormis? Exsurge".
     XXXVI - Erguei-vos, Senhor: por que pareceis dormir? Erguei-vos em todo o vosso poder, em toda a vossa misericórdia e justiça, para formar-vos uma companhia seleta de guardas que velem a vossa casa, defendam vossa glória e salvem tantas almas que custam todo o vosso sangue, para que só haja um aprisco e um pastor, e que todos vos rendam glória em vosso santo tem­plo: Et in templo eius omnes dicent gloriam. Amém.


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